Existe beleza na escuridão. Há profundidade na dor. E o amor, em sua forma mais honesta, raramente é simples. É com essa perspectiva que Rapha Fernandes – um dos nomes mais tradicionais da cena eletrônica paulistana – apresenta “Real Dark Love”, seu novo EP autoral, que mergulha sem reservas na complexidade das emoções humanas e que em poucos dias alcançou o TOP 15 releases de Indie Dance do Beatport.
Com uma trajetória sólida nos principais palcos do país, incluindo Warung, D.EDGE, Tomorrowland Brasil, Laroc e tantos outros, Rapha é conhecido por sets intensos e entregues. Agora, ele canaliza essa mesma energia em duas faixas que contam uma história de amor e perda com sonoridade cinematográfica e textura analógica.
A faixa-título, “Real Dark Love”, abre o EP como um turbilhão emocional: percussões densas, melodias carregadas de tensão e camadas que evocam o desejo e a entrega sem filtros. Já “Change Your Flight” é o contraponto introspectivo – o vazio depois do impacto, a ausência que pesa tanto quanto a presença. Ambas caminham entre o afro house, o indie dance e o melodic techno, com personalidade única e uma produção que equilibra potência e vulnerabilidade.
“Esse EP nasceu de vivências reais. De momentos em que amar parecia mais uma travessia escura do que uma luz no fim do túnel”, conta Rapha. “Não queria esconder isso na produção – queria expor, transformar em som aquilo que a gente muitas vezes não consegue explicar com palavras.”
A escolha por sintetizadores analógicos e gravações orgânicas – como sons urbanos e vozes distorcidas – reforça essa intenção de criar uma paisagem sonora que é tanto crua quanto sofisticada. A capa do EP, que mostra um coração no centro de um labirinto iluminado por uma porta em espiral, ilustra com precisão o que as faixas sugerem: o amor como jornada interna, como uma busca sem mapa.
“Real Dark Love” marca um novo momento na carreira de Rapha Fernandes. É uma virada emocional, estética e conceitual. Um passo firme rumo a uma identidade ainda mais autoral, sem deixar de lado a pulsação da pista.
No fim das contas, o EP não traz respostas. Mas oferece companhia para quem caminha no escuro – e isso já é muito.
Por redação