E-music pelo mundo: 40 anos depois, os Estados Unidos ainda se mantém como uma das principais cenas do mundo

Os Estados Unidos é o país responsável por disseminar a música eletrônica para outros países do mundo e isso não é novidade, porém se manter relevante todo este tempo não é uma tarefa simples. 

Na década de 80, as cidades de Chicago e Detroit foram os berços do house e do techno, respectivamente. O primeiro, tem como base o disco, soul e funk acrescentados de baterias sequenciadas e sintetizadores. Frankie Knuckles é considerado por muitos o pai da house music pela lendária residência no clube The Wharehouse, mas outros DJs como Ron Hardy tiveram relevância parecida em outras casas, cidades e para o contexto da época. O nome house, inclusive, surge de uma abreviação do nome The Wharehouse, pois era a forma que os frequentadores do local encontraram para definir o gênero que surgia ali pelas mãos de Frankie.

O techno começa em Detroit com o grupo The Belleville Three formado por Juan Atkins, Derrick May e Kevin Saunderson. O som era diferente de tudo que se tinha conhecimento até então por suas características únicas como a repetição, ritmos hipnóticos, pouca ou quase nenhuma letra e a forma de se apresentar com instrumentos altamente tecnológicos ao vivo. Além desses dois centros principais, outras cenas como Nova York e Miami também tiveram sua importância para a consolidação da dance music no país antes que fosse exportada para o mundo.

The Belleville Three

Na década de 90,  as diferentes vertentes já haviam se espalhado pelas fronteiras e a febre da música eletrônica era verdade. Enquanto isso, os Estados Unidos já exportavam seus principais DJs. Além dos pioneiros citados, nomes como Moby, Kerri Chandler, Danny Tenaglia e Jeff Mills cruzavam o oceano para se apresentar na Europa, onde o movimento também era crescente e bebia da fonte que vinha dos EUA. Pouco tempo depois, foi muito comum a aproximação de artistas da música eletrônica com cantores do pop, como Madonna, o que também ajudou muito na maior aceitação e popularização. 

Os anos 2000 foi marcado pelo boom de outros grandes artistas americanos, porém em uma sonoridade modificada mais puxada para o dubstep, o big room e o progressive house. Kaskade, Skrillex e deadmau5 são alguns exemplos dos novos superstars americanos, enquanto Seth Troxler, The Blessed Madonna e Honey Dijon despontavam com os valores do house e do underground ainda vivos.

Alguns dos momentos mais importantes do ano para a música eletrônica como a Winter Music Conference (desde 1985) e Miami Music Week ocorrem há décadas no país com palestras, shows, debates sobre o mercado e demais temas, workshops e muitas outras ativações. Este tipo de evento fortalece o mercado não apenas do país, como dos principais polos, uma vez que atrai os principais profissionais do mundo para o mesmo centro. Além disso, alguns dos maiores e mais importantes festivais para os fãs são baseados no país como EDC e Ultra. Estes eventos atraem milhares de pessoas ao país todos os anos, fora a movimentação interna do país para prestigiar os maiores DJs reunidos nas mega produções desses festivais. 

EDC Las Vegas

A cultura clubber e seus princípios foram muito moldados no contexto em que a música eletrônica surgiu nos EUA entre membros das comunidades oprimidas – gays, pretos e periféricos. Ali, criou-se um senso de pertencimento a um núcleo que permeou-se quando a vida clubber foi chegando em outros países, carregando valores de respeito e inclusão até os dias atuais. Por isso e por tudo que foi citado, ainda hoje os Estados Unidos se mantém como potência e referência quando se trata de importância para a dance music mundial.

Por Adriano Canestri

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